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Os
povos indígenas horticultores de região úmida, são aqueles que vive em
regiões de florestas: na Amazônia, na bacia dos rios Paraná-Paraguai e
no litoral brasileiro. Apesar de terem vindo de regiões diferentes da
América do Sul, falando línguas diversas (famílias dos troncos tupi,
aruá, aruak, karib, pano, tukano, yanomami e outros), esses povos
apresentam muitos pontos comuns. Os povos tupi eram horticultores mais eficientes do que os povos de região seca. Plantavam mandioca, milho, batata-doce, pimenta, cará. Até hoje a base de sua alimentação é a mandioca: assada, cozida, em forma de farinha ou de polvilho. Parece ser o único grupo no mundo que conseguiu transformar uma planta venenosa - a mandioca brava - em alimento. O tabaco é usado não apenas para aliviar o cansaço e a fome, mas também nos rituais. Os Kulina vivem na Amazônia Ocidental, às margens dos rios Jutaí, Juruá e Purus. O verdadeiro nome desse povo é Madihá, que significa gente. Com uma população de aproximadamente 3 mil pessoas, ainda falam o idioma original, que faz parte da família linguística arawá. Ficaram também conhecidos como o povo do riso, pois, segundo um missionário que viveu entre eles, "Kulina que não ri não é verdadeiro Kulina". Como os demais povos da região amazônica, além da caça e da pesca praticam a horticultura, plantando mandioca, milho, banana, cará e batata-doce. Cultivam também o algodão, usado na tecelagem, e o urucum, utilizado na pintura. Os Yanomami vivem na região da fronteira entre o Brasil e a Venezuela. As roças yanomami são feitas em círculos, geralmente entre quinhentos e oitocentos metros de diâmetro. Plantam banana, mandioca, algodão e milho. Cultivam as roças por cerca de dois a três anos, e quando o solo esgota buscam uma nova área. Sempre retornam à roça anterior para coletar frutas como banana e pupunha. |
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Entre
os Suruí da Rondônia
A vida econômica dos Suruí ainda mantém muito das características tribais. A atividade central é a agricultura, embora vivam também de caça, pesca e coleta. A agricultura é de queimada, cortando-se todos. os anos novos pedaços de mata. As roças são conservadas durante 2 ou 3 anos e depois abandonadas. O trabalho ainda é organizado com base nas regras de parentesco, havendo uma teia complexa de cooperação que determina o acesso à terra e aos recursos, bem como as obrigações de trabalho e distribuição do produto. O núcleo básico de cooperação no trabalho é o grupo de irmãos biológicos ou classificatórios. Entre os Suruí há, como na maior parte dos Postos da FUNAI, a formação de roças sob a orientação dos chefes de Posto, onde alguns indígenas trabalham. Essas roças fornecem alimentos aos funcionários da FUNAI e à tribo. Por enquanto, suas dimensões são pequenas, e a economia tribal, com cooperação baseada no parentesco, vai sobrevivendo paralelamente à dirigida pelo Posto. Se a FUNAI obtiver mais recursos para projetos econômicos nas áreas, a alteração na vida tribal pode se tornar enorme. Seria interessante manter uma separação entre a economia do posto e a tribal, para resguardar o mais possível a autonomia do grupo. |
Entre
os Asurini do Xingu A agricultura é a principal atividade de subsistência dos Asuriní. De acordo com a divisão sexual do trabalho, cabe aos homens o preparo do solo (broca, derrubada, queima e coivara ) e às mulheres, o cultivo e a colheita. Os homens de um grupo doméstico mantêm entre si relações de cooperação, abrindo suas roças próximas umas das outras. Na derrubada, são convidados todos os homens da aldeia, a quem é servido um mingau. A produção das roças pertence às mulheres que, transformando-a em alimento, o distribuem aos demais grupos domésticos, de acordo com as regras de parentesco. À esquerda mulher e criança Munduruku transportam mandioca para a alimentação da comunidade. |
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Entre
os Cinta Larga
As roças ficam num raio de até 500 metros das casas, beirando os limites externos da floresta. Não ultrapassam em média um hectare de área e costumam ser usadas para dois plantios, pelo menos. Como nem todas as famílias plantam todo ano, derrubadas de mata não são freqüentes. A derrubada é realizada exclusivamente por homens e contrasta com o plantio, no qual a divisão de trabalho não é marcada com clareza. Fazer covas e plantar são atividades que podem ser executadas tanto por homens, como, em sua ausência, por mulheres. Havendo homem presente, a mulher não pega na enxada, mas, eventualmente, planta. A colheita e a retirada de tubérculos são feitas pela mulher. Geralmente a família cuida .do seu próprio pedaço de terra, as esposas definindo áreas que ficam sob a responsabilidade de cada uma. O ritmo do trabalho na agricultura não é tão flexível como o da coleta, mas incorpora em escala menor as conversas, interrupções para assar e comer algum alimento. O plantio toma cerca de três ou quatro manhãs, nem sempre seguidas. Uma entrada na floresta para pegar mel, ou uma pescaria mais longa podem interromper a tarefa, que é retomada dias depois. Planta-se cada espécie em espaços previamente definidos. Mas, à medida que a tarefa progride, nem sempre o plano é seguido. Troncos não consumidos pelo fogo, geralmente numerosos, impõem desvios e limitação de área. Dessa forma, as plantas se misturam em diversos pontos da roça, imprimindo à colheita uma movimentação difícil por entre ramas e troncos espalhados por boa parte do terreno. Com exceção do milho, os demais produtos são colhidos na medida da necessidade doméstica. A cada dois dias, as mulheres em pequenos grupos vão à roça: voltam carregadas de macaxeiras, cará. Somente nos dias de festa é que quase todas se reúnem em trabalho cooperativo, que se estende da colheita à preparação do mingau. |
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Araweté na
colheita do milho
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Entre
os Araweté A partir de julho-agosto começam a aumentar a frequência e a duração dos movimentos de dispersão. As famílias se mudam para as roças, mesmo que estas não distem muito da aldeia, e ali acampam por urna quinzena ou mais. É a estação de "quebrar o milho", quando se colhe todo o milho ainda no pé e se o armazena em grandes cestos, depositados sobre jiraus na periferia das roças. Dali as famílias se vão abastecendo até o final da estação seca, quando os cestos restantes são levados para o novo sítio de plantio. Essa temporada na roça reúne em cada acampamento mais de uma família conjugal - seja porque a roça pertence a uma seção residencial (conjunto de famílias aparentadas que moram próximas entre si na aldeia), seja porque os donos de roças próximas decidem acampar juntos. |
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Durante
a quebra do milho, os homens saem todo dia para caçar, enquanto as
mulheres e crianças colhem as espigas, fazem farinha, tecem; esta é
também a época da colheita do algodão. Tais temporadas na roça são
vistas como muito agradáveis.
Depois de cinco ou seis meses de convivência na aldeia, os Araweté parecem ficar inquietos e entediados. Nos acampamentos de roça as pessoas ficam mais à vontade, conversam livremente sem medo de serem ouvidas por vizinhos indiscretos. Entre os Tenetehara-Guajajara Os recursos econômicos dos Tenetehara-Guajajara são trabalho, terra, agricultura, caça, pesca e coleta. A força do trabalho é voltada para a produção interna do grupo e para venda aos regionais, o que tem diminuído muito nos últimos anos por determinação do órgão protetor. A terra disponível está compreendida aos limites das Reservas. A agricultura continua predominantemente de subsistência, com reduzido montante para venda. A caça é a atividade mais importante depois da agricultura. A pesca e a coleta de frutos comestíveis são menos importantes embora esta última não seja desprezível. O extrativismo vegetal também é praticado para fins comerciais com os regionais, particularmente o coco babaçu na Reserva Pindaré. Para a confecção de suas casas, utilizam as folhas das palmeiras, babaçu e inajá. O cultivo ocupa o esforço dos membros das famílias elementares, havendo a chamada "troca de dia" entre componentes de parentelas e, ocasionalmente, o trabalho remunerado. O alimento diário é a farinha de mandioca em associação com carne ou peixe, mas principalmente na forma de "chibé", isto é, misturada com água. Plantam mandioca mansa que serve para fazer mingau e a mandioca-brava, de que confeccionam a farinha. As outras plantas são milho, feijão, abóbora, cará, melancia, amendoim, fumo, algodão, arroz, banana, mamão etc. As roças continuam sendo medidas em "linhas", o equivalente a 25 braças quadradas ou aproximadamente 2500 m2. Os instrumentos usados na faina agrícola são: machado, facão, enxada. |
Fontes: Casa-Grande
& Senzala em quadrinhos
/ Gilberto Freyre; desenhos de Ivan Wasth Rodrigues; quadrinização de
Estevão Pino, - 3ª reimp. - Rio de Janeiro: Ed. Brasil-América, 1985
Brasil
Indígena: 500 anos de resistência
/ Benedito Prezia, Eduardo Hoomaert. - São Paulo: FTD, 2000
Os Suruí da Rondônia : Entre a
Floresta e a Colheita / Betty Mindlin in Revista de Antropologia,
Volumes 27/28.- São Paulo : Publicação do Departamento de Ciências
Sociais (Área
de Antropologia) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas -
Universidade de São
Paulo, 1984/85
Asurini do Xingu
/ Regina A. Polo Müller in
Revista de Antropologia, Volumes 27/28.- São Paulo :
Publicação do Departamento de Ciências Sociais (Área de Antropologia) -
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas - Universidade de São
Paulo, 1984/85
Os Cinta Larga
/ Carmen Junqueira (Depto. de Antropologia, Pontifícia Universidade
católica de São Paulo) in Revista
de Antropologia,
Volumes 27/28.- São Paulo : Publicação do Departamento de Ciências
Sociais (Área de Antropologia) - Faculdade de Filosofia, Letras
eCiências Humanas - Universidade de São Paulo, 1984/85
Araweté: O Povo do
Ipixuna / Eduardo Viveiros de Castro. - São Paulo : CEDI -
Centro Ecumênico de Documentação e Informação, 1992
Os Tenetehara-Guajajara
/ Edson Soares Diniz in Revista
de Antropologia,
Volumes 27/28.- São Paulo : Publicação do Departamento de Ciências
Sociais (Área de Antropologia) - Faculdade de Filosofia, Letras e
Ciências Humanas - Universidade de São Paulo, 1984/85
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