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Parque Xingu
Os Cinta Larga
Habitação
Agricultura
-A Mandioca
A Caça
A Pesca
A Coleta
A Cerâmica
A Cestaria (trançados)
A Tecelagem

A Agricultura
A maioria dos indígenas do Brasil pratica a agricultura segundo uma técnica, a coivara, idêntica à de outras populações que habitam a região tropical: abrem uma clareira na floresta, deixam os troncos caídos secarem ao sol e depois ateiam-lhes fogo. O terreno está pronto - irregular, desnivelado e coberto de cinzas. O plantio é feito após as primeiras chuvas, com todos os vegetais misturados.
Coivara
Processo da Coivara : o mato é cortado, ateiam-lhe fogo e depois as mulheres fazem a plantação, servindo-se das cinzas como adubo.
O Milho
O Milho
Os povos indígenas horticultores de região úmida, são aqueles que vive em regiões de florestas: na Amazônia, na bacia dos rios Paraná-Paraguai e no litoral brasileiro. Apesar de terem vindo de regiões diferentes da América do Sul, falando línguas diversas (famílias dos troncos tupi, aruá, aruak, karib, pano, tukano, yanomami e outros), esses povos apresentam muitos pontos comuns.

Os povos tupi eram horticultores mais eficientes do que os povos de região seca. Plantavam mandioca, milho, batata-doce, pimenta, cará. Até hoje a base de sua alimentação é a mandioca: assada, cozida, em forma de farinha ou de polvilho. Parece ser o único grupo no mundo que conseguiu transformar uma planta venenosa - a mandioca brava - em alimento. O tabaco é usado não apenas para aliviar o cansaço e a fome, mas também nos rituais.

Os Kulina vivem na Amazônia Ocidental, às margens dos rios Jutaí, Juruá e Purus. O verdadeiro nome desse povo é Madihá, que significa gente. Com uma população de aproximadamente 3 mil pessoas, ainda falam o idioma original, que faz parte da família linguística arawá. Ficaram também conhecidos como o povo do riso, pois, segundo um missionário que viveu entre eles, "Kulina que não ri não é verdadeiro Kulina".
Como os demais povos da região amazônica, além da caça e da pesca praticam a horticultura, plantando mandioca, milho, banana, cará e batata-doce. Cultivam também o algodão, usado na tecelagem, e o urucum, utilizado na pintura.

Os Yanomami vivem na região da fronteira entre o Brasil e a Venezuela. As roças yanomami são feitas em círculos, geralmente entre quinhentos e oitocentos metros de diâmetro. Plantam banana, mandioca, algodão e milho. Cultivam as roças por cerca de dois a três anos, e quando o solo esgota buscam uma nova área. Sempre retornam à roça anterior para coletar frutas como banana e pupunha.
Entre os Suruí da Rondônia

A vida econômica dos Suruí ainda mantém muito das características tribais. A atividade central é a agricultura, embora vivam também de caça, pesca e coleta.
A agricultura é de queimada, cortando-se todos. os anos novos pedaços de mata. As roças são conservadas durante 2 ou 3 anos e depois abandonadas. O trabalho ainda é organizado com base nas regras de parentesco, havendo uma teia complexa de cooperação que determina o acesso à terra e aos recursos, bem como as obrigações de trabalho e distribuição do produto. O núcleo básico de cooperação no trabalho é o grupo de irmãos biológicos ou classificatórios.
Entre os Suruí há, como na maior parte dos Postos da FUNAI, a formação de roças sob a orientação dos chefes de Posto, onde alguns indígenas trabalham. Essas roças fornecem alimentos aos funcionários da FUNAI e à tribo. Por enquanto, suas dimensões são pequenas, e a economia tribal, com cooperação baseada no parentesco, vai sobrevivendo paralelamente à dirigida pelo Posto. Se a FUNAI obtiver mais recursos para projetos econômicos nas áreas, a alteração na vida tribal pode se tornar enorme. Seria interessante manter uma separação entre a economia do posto e a tribal, para resguardar o mais possível a autonomia do grupo.
Munduruku
Entre os Asurini do Xingu

A agricultura é a principal atividade de subsistência dos Asuriní. De acordo com a divisão sexual do trabalho, cabe aos homens o preparo do solo (broca, derrubada, queima e coivara ) e às mulheres, o cultivo e a colheita. Os homens de um grupo doméstico mantêm entre si relações de cooperação, abrindo suas roças próximas umas das outras.
Na derrubada, são convidados todos os homens da aldeia, a quem é servido um mingau.

A produção das roças pertence às mulheres que, transformando-a em alimento, o distribuem aos demais grupos domésticos, de acordo com as regras de parentesco.

À esquerda mulher e criança Munduruku transportam mandioca para a alimentação da comunidade.
Entre os Cinta Larga

As roças ficam num raio de até 500 metros das casas, beirando os limites externos da floresta. Não ultrapassam em média um hectare de área e costumam ser usadas para dois plantios, pelo menos. Como nem todas as famílias plantam todo ano, derrubadas de mata não são freqüentes.
A derrubada é realizada exclusivamente por homens e contrasta com o plantio, no qual a divisão de trabalho não é marcada com clareza. Fazer covas e plantar são atividades que podem ser executadas tanto por homens, como, em sua ausência, por mulheres. Havendo homem presente, a mulher não pega na enxada, mas, eventualmente, planta. A colheita e a retirada de tubérculos são feitas pela mulher. Geralmente a família cuida .do seu próprio pedaço de terra, as esposas definindo áreas que ficam sob a responsabilidade de cada uma.

O ritmo do trabalho na agricultura não é tão flexível como o da coleta, mas incorpora em escala menor as conversas, interrupções para assar e comer algum alimento. O plantio toma cerca de três ou quatro manhãs, nem sempre seguidas. Uma entrada na floresta para pegar mel, ou uma pescaria mais longa podem interromper a tarefa, que é retomada dias depois. Planta-se cada espécie em espaços previamente definidos. Mas, à medida que a tarefa progride, nem sempre o plano é seguido. Troncos não consumidos pelo fogo, geralmente numerosos, impõem desvios e limitação de área. Dessa forma, as plantas se misturam em diversos pontos da roça, imprimindo à colheita uma movimentação difícil por entre ramas e troncos espalhados por boa parte do terreno.
Com exceção do milho, os demais produtos são colhidos na medida da necessidade doméstica. A cada dois dias, as mulheres em pequenos grupos vão à roça: voltam carregadas de macaxeiras, cará. Somente nos dias de festa é que quase todas se reúnem em trabalho cooperativo, que se estende da colheita à preparação do mingau.
Araweté na colheita do milho
Araweté na colheita do milho
Entre os Araweté

A partir de julho-agosto começam a aumentar a frequência e a duração dos movimentos de dispersão. As famílias se mudam para as roças, mesmo que estas não distem muito da aldeia, e ali acampam por urna quinzena ou mais. É a estação de "quebrar o milho", quando se colhe todo o milho ainda no pé e se o armazena em grandes cestos, depositados sobre jiraus na periferia das roças.
Dali as famílias se vão abastecendo até o final da estação seca, quando os cestos restantes são levados para o novo sítio de plantio.
Essa temporada na roça reúne em cada acampamento mais de uma família conjugal - seja porque a roça pertence a uma seção residencial (conjunto de famílias aparentadas que moram próximas entre si na aldeia), seja porque os donos de roças próximas decidem acampar juntos.
Durante a quebra do milho, os homens saem todo dia para caçar, enquanto as mulheres e crianças colhem as espigas, fazem farinha, tecem; esta é também a época da colheita do algodão. Tais temporadas na roça são vistas como muito agradáveis.
Depois de cinco ou seis meses de convivência na aldeia, os Araweté parecem ficar inquietos e entediados. Nos acampamentos de roça as pessoas ficam mais à vontade, conversam livremente sem medo de serem ouvidas por vizinhos indiscretos.

Entre os Tenetehara-Guajajara

Os recursos econômicos dos Tenetehara-Guajajara são trabalho, terra, agricultura, caça, pesca e coleta. A força do trabalho é voltada para a produção interna do grupo e para venda aos regionais, o que tem diminuído muito nos últimos anos por determinação do órgão protetor. A terra disponível está compreendida aos limites das Reservas. A agricultura continua predominantemente de subsistência, com reduzido montante para venda. A caça é a atividade mais importante depois da agricultura. A pesca e a coleta de frutos comestíveis são menos importantes embora esta última não seja desprezível. O extrativismo vegetal também é praticado para fins comerciais com os regionais, particularmente o coco babaçu na Reserva Pindaré. Para a confecção de suas casas, utilizam as folhas das palmeiras, babaçu e inajá.

O cultivo ocupa o esforço dos membros das famílias elementares, havendo a chamada "troca de dia" entre componentes de parentelas e, ocasionalmente, o trabalho remunerado. O alimento diário é a farinha de mandioca em associação com carne ou peixe, mas principalmente na forma de "chibé", isto é, misturada com água. Plantam mandioca mansa que serve para fazer mingau e a mandioca-brava, de que confeccionam a farinha. As outras plantas são milho, feijão, abóbora, cará, melancia, amendoim, fumo, algodão, arroz, banana, mamão etc. As roças continuam sendo medidas em "linhas", o equivalente a 25 braças quadradas ou aproximadamente 2500 m2. Os instrumentos usados na faina agrícola são: machado, facão, enxada.

Fontes: Casa-Grande & Senzala em quadrinhos / Gilberto Freyre; desenhos de Ivan Wasth Rodrigues; quadrinização de Estevão Pino, - 3ª reimp. - Rio de Janeiro: Ed. Brasil-América, 1985
Brasil Indígena: 500 anos de resistência / Benedito Prezia, Eduardo Hoomaert. - São Paulo: FTD, 2000
Os Suruí da Rondônia : Entre a Floresta e a Colheita / Betty Mindlin in Revista de Antropologia, Volumes 27/28.- São Paulo : Publicação do Departamento de Ciências Sociais (Área de Antropologia) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas - Universidade de São Paulo, 1984/85

Asurini do Xingu / Regina A. Polo Müller in Revista de Antropologia, Volumes 27/28.- São Paulo : Publicação do Departamento de Ciências Sociais (Área de Antropologia) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas - Universidade de São Paulo, 1984/85
Os Cinta Larga / Carmen Junqueira (Depto. de Antropologia, Pontifícia Universidade católica de São Paulo) in Revista de Antropologia, Volumes 27/28.- São Paulo : Publicação do Departamento de Ciências Sociais (Área de Antropologia) - Faculdade de Filosofia, Letras eCiências Humanas - Universidade de São Paulo, 1984/85
Araweté: O Povo do Ipixuna / Eduardo Viveiros de Castro. - São Paulo : CEDI - Centro Ecumênico de Documentação e Informação, 1992
Os Tenetehara-Guajajara / Edson Soares Diniz in Revista de Antropologia, Volumes 27/28.- São Paulo : Publicação do Departamento de Ciências Sociais (Área de Antropologia) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas - Universidade de São Paulo, 1984/85


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