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Ciclo do Ouro
No Ciclo do Ouro temos os garimpeiros ou faiscadores, bateadores, que usam a batea na garimpagem, além de outros ofícios auxiliares ou complementares.
Em Minas Gerais, porém, a emergência de uma camada de negros e mulatos livres, que na sua maioria passaram pelas senzalas, e não tinham tanto quanto os brancos a desídia pelos ofícios mecânicos, modificou o panorama; a existência do vasto mercado gerado pelo ouro estimulou-os a dedicar-se a toda a sorte de produções. Nas ruas de Vila Rica podiam-se encontrar lojas de sapateiros, ferreiros, tanoeiros, joalheiros, carpinteiros etc., a ponto de surgirem, ali como nos outros núcleos mais importantes, ruas "especializadas" em um tipo de artigo ou serviço. Mesmo na periferia rural, não poucos se dedicavam a fazer sabão, preparar doces ou carnes de porco defumadas, produzir queijos etc. Muitos brancos ingressaram também em atividades desse gênero, pelo seu evidente sucesso; mas em alguns setores, o mister era privilégio exclusivo dos mulatos, que chegaram a ter corporações, algumas delas como verdadeiras sociedades secretas ou irmandades de ajuda.
Lavagem do Ouro
Lavagem do Ouro - Rugendas
A importância do artesanato, já no início do século, pode ser avaliada pelo fato de que a Câmara de Vila Rica, em 1713, procurou regulamentá-lo e estabelecer-lhe tabelas. Assim, um alfaiate não podia pedir mais que cinco oitavas pela confecção de uma casaca de bom pano, nem um ferreiro passar de três oitavas pelo fabrico de uma enxada . Logo começaram a vigorar as complicadas regulamentações e licenças exigidas pelas autoridades lusas para a prática dos ofícios, baseadas na tradição medieval e fortemente restritivas. Mas tudo indica que nas Gerais tais regulamentações não funcionaram muito, na medida em que a grande preocupação dos funcionários da Coroa era com o ouro propriamente dito. "Apesar de todas as tiranias, imposições e violências de que está cheia a história colonial de Minas, o fato de recaírem elas sobre uma única atividade... vai deixar, por isso, considerável autonomia de movimentos às outras. . ."
Efetivamente, a maioria dos oficiais não se submetia ao exame prévio exigido por lei, antes de abrir sua oficina. Se sapateiros, ferreiros e alfaiates eram mais freqüentemente obrigados a tirar licenças para trabalhar, o mesmo não acontecia com pintores, entalhadores e douradores. E foi exatamente entre estes últimos que se desenvolveu a técnica artística bastante refinada que ostentam as catedrais setecentistas mineiras, seja entre anônimos de notável brilho, seja entre figuras que se alçaram- à distinção de um Aleijadinho.
A joalheria, peça essencial de uma sociedade ostentatória, atingiu considerável requinte. Assim como se podiam ver, no séqüito de negras que acompanhavam uma "cadeirinha" carregada por escravos, enormes colares de bolas de ouro maciço, podiam-se também admirar, nas vestes da dama que ocupava a cadeira, ornatos trabalhados com técnicas apuradas de engaste, com diamantes, turmalinas etc. Mas por motivos óbvios, devido ao desvio que a joalheria representava para o fisco, a atividade foi aos poucos sendo proibida.
Quanto ao setor de serviços, tomado importante nas cidades do ouro, surpreendia às pessoas acostumadas à sua absoluta ausência nas vilas do açúcar. Era muito fácil em Vila Rica cruzar com boticários, estalajadeiros, taberneiras, cirurgiões-barbeiros, prestamistas, mestres-escola. Ao lado de mercadores "de tenda aberta" não era difícil ver um advogado (e a corrupção dos juízes, reunida ao interminável conjunto de leis contraditórias e pendengas insolúveis sobre impostos e jazidas, os tornava necessários), ou mesmo um médico cirurgião, figura mais rara ainda em outras paragens.
Empregando à vontade seu ouro na satisfação dos pequenos prazeres cotidianos e das necessidades simples ou sofisticadas, os mineiros não deixavam de cumprir o ciclo inevitável do destino da riqueza produzida no colonialismo, reexportando-a direta ou indiretamente para as metrópoles, através, até, do consumo de novos objetos. As casas passaram a ser ornadas com aparelhos de louça da Índia, guarnecidas de  talheres de prata, caixas de folha, candeeiros, tafetás.
As mulheres, quando não saíam de "cadeirinha", faziam-no protegidas por guarda-sóis de seda, e envergavam blusas de retrós, cambraias  importadas, chapéus finos e fitas. Os homens se orgulhavam de barbear-se usando caixas de prata, para depois ir à missa ostentando canivetes
belgas, chaveiros de osso, punhos e mantas finas.

Veja também:

Fontes: Brasil História - Texto e Consulta: 1 Colônia / Antonio Mendes Jr., Luiz Roncari e Ricardo Maranhão - São Paulo: Editora Brasiliense, 1979.


Ofícios e Técnicas
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