|
|||||||||||||||||||||
|
|
Angola - Rugendas |
bornus
e galinhas; identificou a
presença importante dos hauçás do noroeste da Nigéria, de
influência muçulmana, a qual marcou também os fulas (mais claros,
de origem berbere-etiópica) e os malês (ou mandingas, de tradição
guerreira, considerados altivos e perigosos pelos lusos, que lhes
atribuíam feitiçarias). Entre os sudaneses originários da costa
da Guiné, amplamente predominantes como vimos, a presença comum da
língua pertencente ao grupo lingüístico ioruba talvez explique a
predominância dos elementos dessa cultura em nosso candomblé e nas
influências negras de nossa linguagem. Havia sudaneses em outros pontos do Brasil, mas talvez houvesse uma predominância banto no centro-sul e no norte. Artur Ramos indica como pontos iniciais de entrada das várias nações bantos os mercados de escravos de Pernambuco (extensivos a Alagoas), Rio de Janeiro (servindo a Minas e São Paulo) e Maranhão. Entre os povos desse grupo, os mais importantes no Brasil foram os cabindas do Congo, os banguelas de Angola, junto com muxcongos e rebolos, e os negros de Moçambique que Spix e Martius chamaram de macuas e angicos. A intensificação do tráfico de escravos para o Brasil no século XVIII, em função da mineração, multiplicou a presença de grupos originários da Costa da Mina e de Angola; no século XIX, até 1850, entrou também um número considerável de bantos da costa de Moçambique. Do ponto de vista cultural, a influência dominante da cultura ioruba explica-se também pela sua predominância já na própria África, na região do golfo da Guiné, estendendo-se segundo Édison Carneiro até o interior do Sudão. Sua civilização mais adiantada surpreendeu os primeiros europeus, pelos trabalhos em bronze que faziam no reino do Benim. "A religião, a organização política e os costumes sociais de Ioruba davam o modelo a uma vasta zona. Os negros de Ioruba eram principalmente agricultores, mas os seus tecelões, os seus ferreiros, os seus artistas em cobre, ouro e madeira já gozavam de merecida reputação de excelência. Não havia abundância de animais de caça, mas a pesca, nos rios, nos lagos e no mar, rendia muito. Criavam-se animais de subsistência - cabras, carneiros, porcos, patos, galinhas e pombos. O cavalo era conhecido havia muitos séculos, devido ao contato com os árabes; o fundador do reino de Ioruba representava-se, nos mitos, montado num corcel." Vários dos deuses africanos cultuados no Brasil são procedentes de algumas de suas brilhantes cidades, como Oió. Os nomes de alguns de seus reinos, como Ala Kêtu e ljexá, continuam como designativos de ritos de candomblé. Quanto aos bantos de Angola, tinham uma agricultura mais primitiva, praticada pelas mulheres, enquanto os homens criavam gado. Diferentemente dos iorubas e outros sudaneses, que usavam tecidos de pano, os negros das margens do Zambeze e das elevações de Benguela vestiam-se de cascas de árvores (como o fariam no quilombo de Palmares); mais para o sudoeste, porém, usavam vestimentas de couro, possuindo hábitos de caçadores e armas de ferro. |
Benguela - Rugendas |
|
|
Congo - Rugendas |
Quiloa - Rugendas |
|||
Rebolla - Rugendas |
Mina - Rugendas |
|
||
Brasil não era o
principal receptor de
africanos, encaminhados preferencialmente para as índias de Castela.
Mas a praça de São Paulo de Luanda, ao que tudo indica, liderava o
fornecimento de escravos para as costas brasileiras. "De 1575,
quando Paulo Dias de Novais desembarcou em Angola, até 1591, relata
o cronista contemporâneo Abreu e Brito, haviam sido exportadas para
o Brasil 52053 peças. O fim de Angola é servir escravos ao Brasil e
o número sempre crescente atinge, num século, até 1681, a cerca de
um milhão de escravos ." A própria administração portuguesa
de Angola ficaria subordinada às autoridades sediadas no Brasil.
Os holandeses também perceberam a importância daquela praça. Tentaram submetê-la várias vezes, desde 1624, e obtiveram êxito em 1641. Os brasileiros tiveram grande responsabilidade na retomada de São Paulo de Luanda aos batavos: a expedição de Salvador Correia de Sá que refez o domínio luso na praça em 1648 era composta na sua maior parte por navios, homens, munições e provisões fornecidas pelo Rio de Janeiro. |
Deixe seu comentário: | Deixe seu comentário: | |
Correio eletrônico | ||
Livro de visitas |