Alguns, em vez de
pedras, usam cristais longos e delgados. Um outro enfeite é produzido a
partir do casulo de grandes caracóis marinhos, os matapus. Chama-se bojeci e tem forma
de uma meia-lua, branco como a neve, sendo usado em volta do pescoço.
[...] Também se enfeitam com feixes de penas amarradas em torno dos
braços e pintam-se de preto. Penas vermelhas e brancas são coladas no
corpo, misturando as cores. Costumam pintar um braço de preto e o outro
de vermelho, fazendo o mesmo com as pernas e o tronco. Um outro enfeite
é obtido de penas de ema. Trata-se de uma coisa grande e redonda, feita
de penas, chamada enduape.
Quando vão para a guerra ou fazem uma grande festa, amarram tais
enfeites nas costas.
As
mulheres pintam a metade inferior do rosto e todo o resto do corpo do
mesmo modo [...] dos homens. Todavia, elas deixam os cabelos compridos
[...] Além disso, não têm nenhum enfeite especial; só nas orelhas é que
possuem furos para um tipo de brincos, os nambipais. Estes
medem cerca de um palmo de comprimento, são redondos e mais ou menos da
grossura de um polegar, produzidos a partir de caracóis marinhos".
Povo
extremamente belicoso, a guerra desempenhava papel destacado na sua
economia, como fator de "conservação e aumento dos recursos naturais
sujeitos ao domínio tribal ."
Desta
forma entraram em conflito com os goitacases, os tupiniquins, os
carajás, os caetés, os botocudos, os tupinas, os diversos grupos dos
tapuias e, após o início da colonização efetiva do Brasil pelos
portugueses (1530), moveram guerra contra estes, sendo expulsos ou
aniquilados.
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Tupinambá-
Ilutração de Theodoro De Bry (in
Hans Staden) |
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Outro importante grupo com quem os lusos mantiveram contato foi o dos Tupiniquim,
também, como os Tupinambá,
pertencentes ao tronco linguístico tupi. Localizavam-se no litoral
baiano, desde a enseada de Camamu até às proximidades da atual Capital
do Espírito Santo. Aliados aos portugueses ajudaram-nos a combater Tamoio, Tupinambá e
franceses.
Os
Tamoio,
outro grupo do tronco tupi, tiveram também um papel saliente na
História do Brasil colonial: aliados aos franceses de Villegaignon, que
para cá vieram na segunda metade do século XVI, combateram os
portugueses no Rio de Janeiro, causando problemas ao então
Governador-geral do Brasil, Mem de Sá.
Os
Tapuias
constituem um conjunto muito difícil de ser definido, em virtude das
contradições entre os cronistas que a eles se referiram. Ao que tudo
indica, tapuia era um termo utilizado pelos Tupinambá
para referir-se a indígenas pertencentes a um tronco linguístico
não-tupi, provavelmente do tronco macro-jê. O naturalista alemão von
Martius (que esteve no Brasil no século XIX), autor do "Glossário das
Línguas Brasileiras", afirmou que a palavra significava "inimigos".
Outro cronista, Fernão Cardim, elaborou uma lista de setenta e seis
tribos que seriam pertencentes ao grupo tapuia, mas que possuíam
línguas, hábitos e costumes diferentes entre si. Desta maneira,
torna-se impossível estabelecer detalhes maiores a respeito.
Tal
como os Tupi,
os Kariri
eram um povo dos rios. Além de serem habilidosos remadores eram exímios
nadores. Desde a mais tenra idade a criança era jogada na água para
aprender a nadar.
Ao
nascer, o menino era esfregado com a pele do porco-do-mato, animal
protetor do grupo, e lavado com aluá, cauim feito de milho ou mandioca,
para que no futuro fosse bom caçador e grande consumidor da bebida.
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Acima
"indígena tapuia"
(provavelmente Kariri) - ilustração de Albert Ekhout, 1643, pintor
holandês que demonstrou um registro cuidadoso dos detalhes tanto da
etnografia quanto da botânica e da zoologia. Observe na mão esquerda a
zarabatana, arma tradicional desse grupo. |
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