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-Implementos
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Tecelagem Indígena
Os Implementos
São os objetos utilizados para os processos de fiação e tecelagem. Entre outros são citados o fuso e suas partes; o tear, seus componentes e acessórios; agulhas etc.

Fiação:  Operação que transforma matéria-prima  têxtil em fio. Quando se utiliza fibras de certas bromeliáceas, o processo é mais demorado. A folha é mergulhada na água para decompor as matérias não fibrosas e, posteriormente, batida, lavada e seca ao sol. Para destacar a seda da pré-foliação de palmeiras o procedimento é mais direto, mas exige grande  habilidade manual.
Separa-se a seda da palha que é usada para o trançado ou descartada. A seda é igualmente lavada e posta a secar ao sol. A fiação do algodão exige a separação da felpa do caroço. O floco assim obtido é transformado em uma rodela. Várias delas são unidas e espichadas para formar uma almofada de diâmetro maior. Uma tira de algodão é retirada e distendida manualmente da orla da almofada e atada ao castão do fuso por laçada em volta seca. Procede-se, em seguida, à torção dessa tira.

Fusos
Os disco podem ser de madeira torneada, de ouriço de castanha do pará, de carapaça abdominal de tracajá, etc. As hastes de siriva ou tucum, etc.
Fusos
Fusos

Implemento de fiação. Constituído de uma vareta que serve de bobina e uma roda que desempenha a função de volante para torcer a fibra. Distinguimos os seguintes componentes do  fuso:
1. Castão do fuso. Bico ou remate superior da vareta do fuso destinado a sujeitar o fio. Pode variar em forma. Os tipos mais freqüentes são: saliência chanfrada, incisão, bolota, gancho.
2. Tortual do fuso. Disco ou outro dispositivo adaptado à parte inferior da vareta do fuso destinado a imprimir-lhe movimento rotativo e, ao mesmo tempo, impedir o resvalo da linha bobinada.

Teares

Engenhos para tensão de fios através de cuja tramação se obtém um tecido.
Tear Enawêne-Nawê
Indígena Enawêne-Nawê tecendo
Tear com Varas
Tear com Varas
Foto Fred  Ribeiro, 1981
Tear em Arco
Tear em Arco
Foto Fred  Ribeiro, 1980
Tear Amazônico (Tear Vertical)
Tear com urdume na vertical, também chamado tear verdadeiro. Um conjunto de quatro varas forma um quadrado ou retângulo. A urdidura é passada nas barras (urdideiras) superior e inferior, em sentido vertical. É provido de cunha ou vigote suplementar, disposto verticalmente junto aos postes de sustentação das urdideiras para calibrar estas últimas. Ou seja, na medida em que o urdume é tramado, é preciso mover a urdideira superior para afrouxá-lo. Para isso, essas cunhas são proporcionalmente adelgaçadas ou o vigote suplementar aparado para
diminuir a altura. O tear amazônico comporta dispositivos para movimentar a trama e a urdidura: separador, liço, espátula-batedor, lançadeira.

Tear com Varas Alçadas (Tear com urdume na horizontal)
Dois pilares fincados no chão providos, ou não, de travessa na parte superior. A urdidura é passada horizontalmente nessas varas alçadas.

Tear de Cintura (Tear peruano)
Semelhante ao tear com urdidura na vertical, no que diz respeito à moldura que sustenta o urdume e seus acessórios. A urdideira inferior (proximal, a que fica junto do tecelão) é provida de uma faixa que enlaça a cintura, e a superior é amarrada ao poste de sustentação. Este tear é teoricamente móvel, podendo ser manipulado em posição semi-perpendicular ou paralela ao solo, ou seja, em posição horizontal.

Tear em Arco (Tear tipo Ucaiali)
Formado por um cipó (ou madeira fina) vergado em semicírculo ou ferradura, cujas pontas são atadas a uma barra. A urdidura é montada nela e numa barra colocada junto ao arco. Esse tipo de tear é usado para tecer peças de pequenas dimensões, inclusive tangas de miçangas.

Acessórios do Tear


Amortecedor
Duas varetas introduzidas na urdidura, após o seu cruzamento, mantêm os fios equidistantes e abrandam o impacto da pressão da trama. A carreira capital desempenha a função do amortecedor na tecelagem indígena brasileira.

Batedor-Espátula
Tábua delgada, lavrada, em forma de remo ou espátula, destinada a separar os fios da urdidura, ampliar o diâmetro da cala e bater a trama. 

Bobina (Carretel)
Pequena haste cilíndrica com protuberâncias nas extremidades, que recebe a linha para tecer.

Gabarito
Implemento usado para medir a distância entre as carreiras no entretorcimento espaçado e para uniformizar as malhas nos trabalhos de enlace.

Lançadeira
Talhada em madeira, de forma oblonga e achatada, é envolta longitudinalmente pelo fio da trama. A lançadeira mais aperfeiçoada, chamada naveta, tem forma de bote e contém encaixada uma bobina. Não ocorre na tecelagem indígena.

Liço (Liçarol)
Acessório de tear que levanta, simultaneamente, a série de fios alternos do urdume. O liço é constituído por uma farpa de madeira, vareta ou cordão mais grosso, ao qual são atadas correias (argolas do liço) presas a fios alternados da urdidura. O liço se destina a controlar
permanentemente os fios pares do urdume, trazendo-os para a frente, a fim de abrir um leito entre estes e os ímpares para a passagem da trama. À medida em que progride a tecedura, os liços são movidos para o alto. Para desenvolver padrões mais complexos, empregam-se dois ou mais liços. A argola do liço pode ser presa de modo singular ou de modo contínuo (com um único fio) a cada fio alternado do urdume e atada, cada correia, por sua vez, a uma corda ou vareta.

Nivelador
Vara adaptada ao tear, paralelamente à urdideira inferior, destinada a aprumar a carreira capital e as carreiras sucessivas.

Pente do Tecelão
Travessa denteada que serve para comprimir a trama e adensar a teia. Evita o emaranhar dos fios da urdi dura no processo de tecer. Para esse efeito é usada, nos teares mais aperfeiçoados, uma lâmina provida de orifícios por onde passam os fios do urdume.

Poste de Sustentação
No tear de cintura, a urdideira superior - ou diretamente o urdume - é presa a uma estaca fincada no chão ou a um esteio da casa para tensioná-lo.

Separador
Vara roliça ou chata usada para separar o urdume em dois planos - anterior e posterior - de fios pares e ímpares, para abrir passagem à introdução da trama.

Tempereiras
Vareta ajustada ao tecido destinada a espichar e igualar as extremidades laterais.

Urdideiras (Barras da urdidura, Rolos de urdimento)
Barras (ou rolos), partes integrantes do tear, sobre as quais é montado o urdume. No tear amazônico, essas duas barras ficam em posição horizontal, paralelas uma à outra, presas a estacas verticais. Nesse tipo de tear distinguem-se:

1) Urdideira inferior ou proximal. É a que fica junto à cintura do operador do tear.
2) Urdideira superior ou distal. É a que fica na extremidade mais afastada do tecelão.
3) Urdideira auxiliar. Travessa em que são enlaçados, indiretamente, os fios da urdidura, permitindo que o tecido seja retirado do tear em forma de retângulo e não de cilindro.
Outros Implementos

Agulha de Gancho
Haste de osso, metal ou outra matéria-prima, com bico em gancho para trabalhos de crochê.

Agulha de Orifício
Haste de osso, metal ou outra matéria-prima, com uma extremidade amada para perfurar e a outra com orifício para enfiar a linha. Empregada,  principalmente, nos trabalhos de enlace.

Agulha de Ponta
Haste pontuda de osso, metal ou outra matéria-prima para trabalhos de tricô.
Agulhas de crochê
Agulhas de Crochê de osso de mutum - Indígenas Asurini
Museu Nacional - Foto Domingos Lamônica

Fonte: Dicionário do Artesanato Indígena / Berta G. Ribeiro; ilustrações de Hamilton Botelho Malhano. - Belo Horizonte : Itatiaia ; São Paulo : Editora da Universidade de São Paulo, 1988


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