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Tipos Regionais do Centro-Oeste
Os Guató

Os Guató
Os Guató - Foto de Lester Scalon
Os Guató são, provavelmente, os últimos indígenas que preservam tradições tipicamente pantaneiras, como a arte de construir canoas e navegar pelos meandros do Pantanal.
O rio é como uma rua para os Guató, e os veículos são canoas finas e compridas, confeccionadas à base de vegetação local. Em pé, na canoa, o Guató conduz com mansa elegância o seu rumo pelas águas. Considerados extintos até por  Darcy Ribeiro em sua célebre obra "O Povo Brasileiro", os Guató ressurgiram após serem encontrados vivendo na  periferia de Corumbá. 
Indígena Guato
Veridiano Djojotoga - Indígena Guato - Foto de Araquém Alcântara
Atualmente estão estabelecidos em uma área demarcada na região do Pantanal do Nabileque, na Ilha Ínsua, e somam cerca de 500 indivíduos. Diferente de outros grupos indígenas, os Guató não constroem grandes aldeias. Vivem em núcleos familiares da caça e da pesca e  produzem artesanato com a trama do aguapé. Sua língua corre o risco de desaparecer, pois poucos indígenas idosos a dominam. Apesar disso, recentemente houve uma  valorização dos Guató e uma esperança de que o último povo indígena genuinamente pantaneiro permaneça vivo (apud: Allison Ishy e Vara Medeiros, 2013.

Com rica diversidade cultural, que também permeia toda a população pantaneira e residente no planalto, a Bacia do Alto Paraguai apresenta uma miscigenação de povos,  idiomas, cultura, arte e história.

O processo de ocupação da região iniciou-se no século XVIII, com pequenas concentrações urbanas próximas aos Fortes e às fronteiras, com as colônias para exploração do garimpo de ouro. Atualmente, além das grandes fazendas de gado e das sociedades indígenas, existem no Pantanal pequenas comunidades que desenvolveram formas  alternativas de sobrevivência e formas de manejo do meio ambiente que lhes propiciam bastante autonomia do sistema capitalista.

Apesar deste aparente vazio de homens e de história, o Pantanal do Mato Grosso foi território povoado por inúmeros grupos indígenas (Paiaguá, Guaikuru, Bororo e Guató) que lutaram intensamente contra colonizadores espanhóis e portugueses desde o século XVI. Alguns grupos sobreviveram à guerra contra eles travada e atualmente estão ilhados em pequenas reservas. São eles: os Bororo, os Kadiwéu (remanescentes dos Guaikuru) e os Guató (da Silva e Silva, 1995).
No período anterior à formação das culturas indígenas, é provável que tenham ocorrido movimentos migratórios vindos de regiões próximas, como o Planalto de Maracaju, o Chaco (Paraguai/Bolívia), o sul amazônico, o Cerrado e o Planalto Chiquitano.
As populações pré-históricas ocuparam a planície  pantaneira por meio dos rios principais: Paraguai, Guaporé, Jauru, Sepotuba, Apa, Miranda e Aquidauana, entre outros. A datação mais antiga da ocupação humana no Mato Grosso é de 8.000 anos e foi obtida por uma equipe de arqueólogos franceses na Serra de São Jerônimo, no município de Rondonópolis.
Apesar da incipiência de estudos arqueológicos no Mato Grosso, este dado demonstra a antiguidade da presença humana na área. Ainda assim, novas pesquisas poderão trazer mais esclarecimentos sobre este fato (da Silva e Silva, 1995).

Durante o século XVIII, inumeráveis bandeiras foram expedidas com o objetivo de capturar escravos indígenas, bem como de povoar a região e explorar recursos naturais, principalmente o ouro. De modo geral, bandeiras ou monções que encontrassem os Paiaguá eram derrotadas, sobretudo ao atravessar o Pantanal ou navegar pelo Rio Paraguai ou pelo Rio Cuiabá abaixo. Os Guató também aparecem em raras menções no século XVIII (1725) e se apresentam, segundo da Silva e Silva, 1995, "( ... ) como indígenas domésticos, supondo-se a partir disso, que não se confrontaram diretamente com as frentes colonizadoras de Mato Grosso."
Os Guató foram descritos por REGO (1897) e por  MOUTlNHO (1869) como afáveis, ciosos de suas mulheres e poligâmicos.
"Estão completamente mansos e são inofensivos;  entretanto por ocasião da invasão paraguaia, atacarão a canoa em que fugia Manoel Passavinte com sua família e fizerão-lhe um destroço horrível" (Moutinho, 1869:181). Este ataque foi um revide a alguma ofensa cometida pelo personagem citado, porém o autor não esclarece seu teor. Em meados do século XIX, calcula-se que seriam apenas 500 almas e atualmente constituem-se em apenas algumas famílias ... ':

Assim, os Guató, considerados o povo do Pantanal por excelência, ocupavam praticamente toda a região sudoeste do Mato Grosso, abarcando terras que hoje pertencem àquele estado, ao estado de Mato Grosso do Sul e à Bolívia. Os indígenas Guató apreciam os gatos como cherimbabos, ou animais de estimação, e atualmente é comum encontrar mais de 40 desses felinos num arranchamento familiar. Essa peculiaridade de apreço por felinos é assunto que se perdeu no tempo e pouco se sabe sobre suas origens, se derivam de tradição ancestral ou de puro modismo atual. De todo modo, isso revela a obscuridade e o quão pouco que sabemos a respeito dessa ameaçada etnia.

Eles podiam ser encontrados nas ilhas e ao longo das margens do rio Paraguai, desde as proximidades de Cáceres até a região do Caracará, passando pelas lagoas Gaíba e Uberaba e, na direção leste, às margens do Rio São Lourenço. No interior deste vasto território, sua presença foi registrada desde o século XVI por viajantes e cronistas. Hoje, são os últimos canoeiros de todos os povos indígenas que ocuparam as terras baixas do Pantanal. 

Fonte: Taimã - A Vida às Margens do Pantanal / Lester Scalon. - Vinhedo, São Paulo: Avis Brasilis Editora, 2013
Pantanal / Araquém Alcântara. -  São Paulo : Araquém Alcântara Fotografia, 2003
http://www.planetapantanal.com/o_pantanal.php?id=82 


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