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Entrega do leite
no Carro de boi - Foto de Saulo Mazzoni
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Nas
rodovias que ligam Minas a São Paulo, Goiás e Bahia, é comum o viajante
encontrar placas anunciando que ali se vende "leite ao pé da vaca", e
quem tiver nostalgia dos tempos de criança na fazenda é só descer do
carro e matar as saudades, em troca de alguns trocados. A pecuária leiteira, à base de gado Holandês, Gir e Guzerá, espalhou-se por quase todas as regiões de Minas, estimulando a criação de grandes cooperativas, a partir dos anos 30, e atraindo empresas multinacionais suíças, norte-americanas, inglesas e francesas, que se instalaram no Estado para industrializar o leite e experimentaram grande crescimento na década de 70. Toda essa tradição reflete-se no almoço ou jantar de cada dia, quando o mineiro põe à mesa o doce de leite ou o queijo com goiabada, mas é na balança da economia que ela pesa mais: Minas possui o maior rebanho bovino brasileiro, com mais de 20 milhões de cabeças, e é o Estado que mais produz leite, com 30% do total nacional. |
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Ainda
assim, os especialistas garantem que a produção de leite no Estado
caracteriza-se até hoje pelas técnicas rudimentares que utiliza. Como
boa parte do rebanho não é de grande qualidade e o leite é retirado de
gado de corte ou misto, a produtividade continua baixa, embora seja
mais elevada que a média nacional.
Mas é nas fazendas mais antigas e tradicionais, no Mucuri, no Rio Doce ou no Jequitinhonha, que o viajante pouco preocupado com resultados econômicos irá se deliciar com a magia de um mergulho no passado: o vaqueiro que acorda de madrugada e vai para curral tirar o leite com as mãos, bebendo ali mesmo líquido quente, misturado com beiju de milho. Depois, em grandes latões, o leite vai para uma carroça ou carro maior, puxado por bois, e o curioso pode acompanhar a sua viagem pela estradinha de terra até a cooperativa mais próxima. Ou, então, ajudar o vaqueiro a distribuir litros de leite na porta das casas do povoado, como se fazia há um século. Se preferir o lado mais moderno da pecuária mineira, é melhor nem se afastar muito da Capital, pois a menos de 50 quilômetros o viajante irá encontrar fazendas que utilizam tecnologia norte-americana, criam gado da raça Pardo-Suíço e atingem níveis elevadíssimos de produtividade. Essas fazendas importam fêmeas da Califórnia, Ohio ou Wisconsin, nos Estados Unidos, realizam transferências de embriões e executam experiências avançadas de melhoramento genético. Nas fazendas, hoje, a ordenha (recolhimento do leite) é feita por meios mecânicos. Entretanto, nos sítios, nos retiros de leite, ainda se pode ver o tradicional retireiro de leite, com o banquinho ajustado para ordenhar a vaca, manualmente. |
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