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Tipos Regionais do Sudeste
O Retireiro de Leite
Os grandes vazios entre as cidades mineiras foram conquistados pela pecuária.
Surgiram as imensas fazendas onde fazem o aproveitamento imediato do leite, na produção de queijos e manteiga. Os mineiros se especializaram na industrialização do leite, produzindo os mais saborosos queijos (queijo de Minas), manteiga e doce de leite.
Na política, no fim do Império e começo da República, os mineiros, senhores de fazendas, tomaram uma parte importante na administração pública. Quando os fazendeiros paulistas do café dominaram a política, aliados aos mineiros, surgiu a chamada política do “café-com-leite”.
                    
Hoje, Minas tem cerca de 200 mil produtores de leite, responsáveis por uma produção total superior a 3 bilhões e 500 milhões de litros anuais, e calcula-se que cerca de 2 milhões de pessoas trabalham no setor, desde a produção até a industrialização e comercialização de laticínios.
Para muitas fazendas, produzir leite é uma atividade quase marginal, uma complementação dos ganhos mensais. Em outras, o leite é o principal produto, entregue às grandes cooperativas para industrialização. Mas todos os fazendeiros - e esta é uma tradição centenária em Minas - queixam-se de que os preços obtidos não são compensadores, pressionam o Governo para obter financiamentos mais vantajosos e elegem deputados estaduais e federais para falar em seu nome. Teria vindo daí a expressão "esconder o leite", tão usual em Minas?

O certo é que, dando lucros ou não, a vaca leiteira é personagem central de todo o interior de Minas, e houve até um governador do Estado que pretendeu criar duas vaquinhas nos jardins do Palácio da Liberdade, em Belo Horizonte, para ter leite fresco todas as manhãs.
Retireiro de Leite
Retireiro de Leite - Ilustração de José Lanzellotti
Entrega do leite
Entrega do leite no Carro de boi - Foto de Saulo Mazzoni
Nas rodovias que ligam Minas a São Paulo, Goiás e Bahia, é comum o viajante encontrar placas anunciando que ali se vende "leite ao pé da vaca", e quem tiver nostalgia dos tempos de criança na fazenda é só descer do carro e matar as saudades, em troca de alguns trocados.
A pecuária leiteira, à base de gado Holandês, Gir e Guzerá, espalhou-se por quase todas as regiões de Minas, estimulando a criação de grandes cooperativas, a partir dos anos 30, e atraindo empresas multinacionais suíças, norte-americanas, inglesas e francesas, que se instalaram no Estado para industrializar o leite e experimentaram grande crescimento na década de 70.

Toda essa tradição reflete-se no almoço ou jantar de cada dia, quando o mineiro põe à mesa o doce de leite ou o queijo com goiabada, mas é na balança da economia que ela pesa mais: Minas possui o maior rebanho bovino brasileiro, com mais de 20 milhões de cabeças, e é o Estado que mais produz leite, com 30% do total nacional.
Ainda assim, os especialistas garantem que a produção de leite no Estado caracteriza-se até hoje pelas técnicas rudimentares que utiliza. Como boa parte do rebanho não é de grande qualidade e o leite é retirado de gado de corte ou misto, a produtividade continua baixa, embora seja mais elevada que a média nacional.

Mas é nas fazendas mais antigas e tradicionais, no Mucuri, no Rio Doce ou no Jequitinhonha, que o viajante pouco preocupado com resultados econômicos irá se deliciar com a magia de um mergulho no passado: o vaqueiro que acorda de madrugada e vai para curral tirar o leite com as mãos, bebendo ali mesmo líquido quente, misturado com beiju de milho.


Depois, em grandes latões, o leite vai para uma carroça ou carro maior, puxado por bois, e o curioso pode acompanhar a sua viagem pela estradinha de terra até a cooperativa mais próxima. Ou, então, ajudar o vaqueiro a distribuir litros de leite na porta das casas do povoado, como se fazia há um século.
Se preferir o lado mais moderno da pecuária mineira, é melhor nem se afastar muito da Capital, pois a menos de 50 quilômetros o viajante irá encontrar fazendas que utilizam tecnologia norte-americana, criam gado da raça Pardo-Suíço e atingem níveis elevadíssimos de produtividade. Essas fazendas importam fêmeas da Califórnia, Ohio ou Wisconsin, nos Estados Unidos, realizam transferências de embriões e executam experiências avançadas de melhoramento
genético.

Nas fazendas, hoje, a ordenha (recolhimento do leite) é feita por meios mecânicos. Entretanto, nos sítios, nos retiros de leite, ainda se pode ver o tradicional retireiro de leite, com o banquinho ajustado para ordenhar a vaca, manualmente.

Fonte :  Brasil, Histórias, Costumes e Lendas / Alceu Maynard Araújo - São Paulo: Editora Três, 2000
Caminhos de Minas / Sebastião Martins. - São Paulo : Editora Publicações e Comunicações, 1992



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