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Danças  Folclóricas: Tirana
Tirana é uma dança que tem semelhança com o fandango, justificando assim a sua origem espanhola. Adaptada ao gosto brasileiro, irradiou-se aqui por todas as regiões, sendo apreciada desde o Amazonas até o Rio Grande do Sul. Apresenta várias modalidades, figurando como típica a do sapateado. Compõe-se, assim, de sapateado e canto solista.

Indumentária: típica da região.

Instrumentos musicais: viola, violão ou acordeão.

Coreografia: Tirana é uma bonita dança de ritmo compassado, sereno. As damas fazem roda por dentro, e os cavalheiros por fora de um círculo, colocando-se os pares frente a frente. Os homens rufam os pés molemente, enquanto as damas balanceiam-se ao som da música em compasso de 3/8 em ritmo moderado. A dança é passiva e gostosa, meio lasciva. As duas rodas se deslocam vagarosamente no sentido dos ponteiros do relógio.

Passos:
1) ombro a ombro a roda se desloca, o cavalheiro roça o seu ombro no da dama do outro par e vice-versa;
2) Tirana grande, dança sapateada em uma grande roda;
3) Tirana dois, dançada em grupos de dois pares;
4) Tirana tremida, assim chamada pelo tremido, trinado da viola.

Tirana: Canto e dança originários de Espanha e que recebemos por intermédio de Portugal, onde a tirana ainda é baile de rapazes e raparigas, bem animado e cheio de movimento.

Possivelmente, a tirana, que veio para o Rio Grande do Sul, teve caminho através de Buenos Aires, mas esta a teria recebido do Peru, Bolívia ou do Chile, roteiro de suas danças, como crê Carlos Vega (Danzas y Canciones Argentinas, 88, Buenos Aires, 1936).
Na Espanha Tirana o Tontilla. Las Tiranas fueron en un principio aires de baile y canto. El baile cayó en desuso y conservó sólo la canción. Es en compás de 6/8 y de movimiento moderado.
(Dicionario de la Música Ilustrado, 2.º, 1146, Barcelona, s.d.)
Em Portugal é bailado de roda. Danças Regionais (Ed. Secretariado Nacional da Informação, Lisboa, s.d.) registra a coreografia, letra e música da tirana: "Tirana, baila-se do Minho à Beira-Ria, mas melodicamente é meridional. Tiranas chamaram-se às tricanas de Coimbra. Instrumental: como já se indicou para cada região. As lavradeiras de Riba Lima cantam-na em coral-terno. O seu ritmo valseado predomina no nosso teatro musicado e nos ranchos, mas erroneamente rotulado de Vira
Esta dança tem diversas marcações. Posição inicial: Duas rodas concêntricas, uma formada de rapazes  eoutra de raparigas, sendo interior esta última. 1.º passo: Giram ambas em sentido contrário. Trocar estes movimentos após o nono compasso. 2.º passo: Formar uma cadeia de mãos dadas, com as duas rodas, movimentando-se ora num sentido ora noutro, isto é, ao primeiro compasso e ao nono. Primeiro os rapazes pela frente das raparigas, estas pelas suas costas e vice-versa". O solista canta uma quadra e o coro o refrão:
"As voltas que o linho dá
Antes de ir para o tear,
Não são tantas como as minhas,
Tirana!
Qu'eu neste mundo vou dar".
No Rio Grande do Sul a tirana era popularíssima, João Cezimbra Jacques, Assuntos do Rio Grande do Sul, 18, Porto Alegre, 1912, julgava-a vinda entre 1822 e 1835. "Existiam também diversas tiranas, a tirana-grande, dança sapateada em roda grande, diversas tiranas-de-dois, bailados em grupos de dois pares, a tirana-de-ombro, assim chamada devido à aproximação seguidamente do ombro de um dos cavalheiros com a dama do outro cavalheiro e vice-versa; e fora destas havia também a tirana-tremida, assim deniminada pelo trinado das cordas da viola e também chamada tirana-dos farrapos". Ver Tirana de Lenço / Região Sul
Cantava-se:
"Tirana, feliz tirana:
Tirana de um dolorido.
Uma tirana de gosto,
Deixa um gaúcho perdido".
A tirana-canção espalhou-se mais pelo norte do Brasil e dela há registro vário na Bahia e no Alto São Francisco. Dança entre os indígenas maués no Amazonas, em São Paulo e em Cuiabá, onde em 1790, dançaram a tirana, segundo registro de Renato Almeida, História da Música Brasileira, que bem estudou o assunto (Ed. Briguiet, 79-85, Rio de Janeiro, 1942).
Sílvio Júlio estudou a origem e modificações da tirana (Revista das Academias de Letras, n.º 39, 40-49, Rio de Janeiro, 1942; "Duas Velhas Danças Gaúchas". Anuário do Museu Imperial, IX, 45-46, Petrópolis, 1948), mostrando que o roteiro da tirana para o Rio Grande do Sul fora por Buenos Aires e que a origem do nome se devia à atriz Maria Rosario Fernandez, La Tirana, sevilhana estabelecida em Madrid desde 1773.
 
José Veríssimo assistiu a cantar e dançar a Tirana numa maloca dos maués, rio Uariaú, afluente do Andirá, no Amazonas, em setembro de 1882:
"Ao som da mesma música e com os seguintes versos, cantados numa toada mole, dançam a Tirana, que não passa de uma espécie de polca com passos meneiados como os do lundu. Eis os versos:
"Eu vi, eu vi, tirana,
Ninguém me contou, tirana,
Meu amor, ingrata, tirana,
Não sei como não morri, tirana".
Bisados os dois últimos versos, voltam a repetir a quadra toda, o que podem fazer cem vezes sem dar amostras de enfado: "Estudos Brasileiros", 69, Pará, 1889.

Sílvio Júlio estudou a origem e modificações da tirana (Revista das Academias de Letras, n.º 39, 40-49, Rio de Janeiro, 1942; "Duas Velhas Danças Gaúchas". Anuário do Museu Imperial, IX, 45-46, Petrópolis, 1948), mostrando que o roteiro da tirana para o Rio Grande do Sul fora por Buenos Aires e que a origem do nome se devia à atriz Maria Rosario Fernandez, La Tirana, sevilhana estabelecida em Madrid desde 1773.

Foi popular no Rio de Janeiro e interior da província, citada por Manuel Antônio de Almeida,
Memórias de um Sargento de Milícias: "Já se tinha cantado meia dúzia de modinhas e dançado por algum tempo a tirana". (ed. Martins, 101, São Paulo, 1941), reportando-se ao tempo de D. João VI no Brasil, Martins Pena, O Juiz de Paz da Roça, escrito em 1837 e representado no Teatro São Pedro em outubro de 1838, termina a comédia por uma tirana, dançada por todos, acompanhada a viola (Ed. Organização Simões, 42-43, Rio de Janeiro, 1951).


Fonte : Danças do Brasil / Felícitas. - Rio de Janeiro: Editora Tecnoprint Ltda., sem/data
Dicionário do Folclore Brasileiro - Câmara Cascudo, Rio de Janeiro: Ediouro Publicações S.A. sem/data


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