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Tipos Regionais do Nordeste
Carreiros
Carreiros
Carreiros -  Ilustração de Barboza Leite
O Carreiro - "Entra Limoeiro! Fasta Laranjeira!" E o carro vai gemendo sob o peso da carga que a junta de bois mais afamada do lugar vai puxando.
Bem combinados, são "espaços", com chifres de volta e argolas nas pontas para as chifradeiras.
O carreiro conhece-lhes as manhas, todos os pequeninos segredos que o fazem estar sempre alerta. contra qualquer acidente, numa previdência instintiva ou então aprendida pelo contato, Constante, diário, com diferentes juntas. Estes são mansos, não escoiceiam, não apertam contra o cabeçalho no momento de encangá-los, não investem ao pôr o cabresto. 
Conhecem o caminho  e não precisam de guia. O cabresto por cima dos canzais, a cabeça baixa, os passos lentos, mas seguros, remoendo, os olhos quase fechados numa doce sonolência que o cantar do carro, rolando atrás de si, embala.

O carreiro impa-se de contentamento, de orgulho mesmo, numa felicidade sem limites. O mundo nada, significa para ele senão a força dos seus bois, o seu "cantador" e todos os seus pertences anexos. Rodas de tamboril manso, braúna ou jatobá, com meião de grossas almofadas; chedas e cambotas bem ajustadas nas arreias de pau-d'arco, madeira que serve, também para as outras peças da mesa; eixo de amargoso, com chumaceiras nos cocões de umburana macho para fazer o carro cantar sem necessidade de calços, as cantadeiras de mandioca brava ou árvore-de-São-João. Tudo muito bem ajustado, muito bem trabalhado, pelo Joaquim Lopes, o mais afamado carpinteiro na especialidade.

Ontem esteve puxando milho do roçado, com o carro envarado até as pontas dos fueiros de mucambo. Hoje vai à vazante, buscar o arroz que os meeiros bateram e vem ensacado em grandes sacos improvisados com cobertores de riscados, os bitus, tecidos com fios de algodão, de diferentes cores: branco, marrom e azul. As duas primeiras obtidas com as cores naturais do algodão: maranhão e foba e a terceira com a tintura de anil, nativo na região. Amanhã continuará puxando os milheiros de achas de arueiras, rachadas de empreitada por João Pretim, com cunhas de ferro, batidas com pesados  macetes de madeira, empilhados à beira do corredor, para uma nova cerca divisória. Carreador sinuoso e longo pela mata adentro, cortado pelo rastro comprido das rodas. Aqui e ali um umbuzeíro, demorando a marcha do carro se é tempo de umbu maduro que o carreiro descansa em "S", ou acelerando-a, se está florido e por isso um martírio para os bois devido à grande quantidade de mutucas que 'agasalha.

Ontem, hoje, amanhã e sempre: "Entra Limoeiro! Fasta Laranjeira!"


Fonte :  Carreiros / Rosalvo Florentino de Souza in Tipos e Aspectos do Brasil. - Departamento de Documentação e Divulgação Geográfica e Cartográfica / Instituto Brasileiro de Geografia / Fundação IBGE. - Rio de Janeiro, 1970


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