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Tipos Regionais do Nordeste
Vaquejada
Vaquejada
Vaquejada -  Ilustração de Percy Lau
A Vaquejada pode ser definida como um mutirão de vaqueiros. Realizada sempre em pleno inverno, quando tudo é fartura no sertão imenso. Todos os vaqueiros, de determinada região, se reúnem ao convite do vaqueiro da fazenda onde vai ser feita a vaquejada. Todo o gado dessa fazenda, espalhado pelos campos afora, várzeas, caatingas e carrascos, vai ser reunido e isso não constitui tarefa fácil, embora empolgante. Tudo é cuidadosamente preparado com muita antecedência: perneiras, gibões e chapéus de couro de mateiro; guarda-peitos de couro de gato-pintado, (jaguatirica) : cavalos "pescoço-de-viola", os mais afamados; aguilhadas bem encastoadas, com palmo de ferro, de forma piramidal, embainhado; selas sem cabeçotes, macias e leves; resistentes estribos de pau, largos peitorais e cabeçadas protetoras do animal; compridos laços trançados a cinco fios, de couro de burro, e que são enrodilhados, duas voltas maiorescaindo sobre a anca do cavalo. 
Nem sempre, porém, o que se apresenta assim é o melhor vaqueiro, é o que pratica maiores façanhas. Dizem mesmo entre eles: "vaqueiro encourado de novo não vale nada - tem medo de rasgar o couro". E se ele já possui esse material durante muito tempo, duas, três vaquejadas, sem estrago nenhum, é sinal, mais do que evidente, de que não é lá grande coisa ... E assim se justifica que quanto mais esfarrapado - tanto melhor... O vaqueiro não teme o arranha-gato, o juá-mirim, a jurema, o serrote, o cansanção de boi, o quiabento, (que possui um dos espinhos mais perigosos). Já se disse, com muito acerto: "onde passa a rês perseguida passa o vaqueiro e o seu cavalo". Ora virando de um lado, ora de outro, na sela; um pé apoiado no estribo, inclina-se para a frente, tendo as rédeas de sedém numa das mãos, na outra o chicote ou o ferrão; firmando-se
algumas vezes, na crina do animal, uma perna apenas apoiada na sela, o resto do corpo paralelo ao corpo do cavalo, a cabeça encostada, de lado, ao pescoço deste. Corre o cavalo a toda brida, qualquer que seja o campo: aberto ou fechado, e o terreno enxuto ou lamacento. Entra no mato sem procurar "claro" e sem desviar do obstáculo, contanto que não perca de vista a novilha arisca ou o garrote bravio ou o touro de "cupim dobrado". Cumprida vitoriosamente a missão, trazida ao rebanho a rês que "espirrou", o seu contentamento se torna manifesto. Comenta com os parceiros a refrega da qual escapou incólume, sem um arranhão, sem nada. .. Cada remendo é uma história a enriquecer-lhe o sempre pródigo exagero, porém com muita realidade. O cavalo amestrado, sabe voltar na "ponta dos cascos", mudando de direção à mais leve pressão das rédeas.

Poderá a vaquejada demorar uma semana, quinze dias, um mês. Nesse período todo o gado é revisto, apartado, separado, selecionado: vacas defeituosas ou velhas ficam presas para a engorda ou venda; lotes de bois, separados por idade, serão objeto de negociações com boiadeiros que os arrastarão, em longas caminhadas, para o sacrifício no mercado de Feira de Santana. (Mais de um autor já se referiu às boiadas e aos boiadeiros, título sugestivo para uma obra de vulto, retratando todo um aspecto da vida, no norte do país). Marruás que são transformados em marrueiros e garrotes em bois ... E por fim a ferra, a assinalação dos bezerros apanhados durante o ano. É interessante notar que pelo sinal feito na orelha da criação o vaqueiro sabe a idade de todo o gado da fazenda: um mesmo sinal repetido em períodos certos; canzil, forquilha, canto de porta, buraco de bala, etc.

A medida que o gado é separado vai sendo solto, devidamente assinalado - tosada a ponta da cauda ou sedenho - salvo-conduto que o livrará de nova prisão, Muitas reses nunca viram curral e em torno destas gira toda a festa da  temporada. Serão batidas, dominadas, derrotadas, lançadas, trazidas ao rodeio, custe o que custar. E justamente aí será demonstrada a perícia do vaqueiro: quanto mais bravia a rês tanto maior o seu feito e o seu triunfo.

Nota : Infelizmente, mesmo sendo um patrimônio cultural, acredito que devia se manter apenas a primeira parte: a do aparte, seleção, etc. E deveriam ser proibido a tortura e a matança em rodeios.


Fonte :  Vaquejada / Rosalvo Florentino de Souza in Tipos e Aspectos do Brasil. - Departamento de Documentação e Divulgação Geográfica e Cartográfica / Instituto Brasileiro de Geografia / Fundação IBGE. - Rio de Janeiro, 1970


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