Em
geral, tinham por baixo das blusas cartucheiras das armas curtas:
pistolas, parabéluns ou revólveres. Havia alguns deles que carregavam
duas cartucheiras duplas na cintura e mais duas atravessadas. As duplas
levavam 99 ou 101 balas. As simples, 50 balas. A verdade é que cada um
levava comsigo de 9 a 18 quilos de munição; cobertos de lã, mais
conhecidos como "cobre corno", em forma de charuto, forrando bem o
peito, que serviam no inverno para barracas, sob impetuosas chuvas;
dois bornais com as mesmas dimensões, um para alimentos, outro para
roupa e alguma munição, trançados sobre o peito e caindo aos lados;
cabaça ou borracha para água, cantil com cachaça e uma capanga de couro
curtido ou mesmo de mescla grossa, quase preta, conhecida por
"farinha-com-pólvora". Nessa bolsa, de cinco compartimentos, o
cangaceiro carregava varios objetos de uso pessoal, do toucador à
devoção. Na primeira, as orações, crucifixo, patuás, estampas de
santos, fitas e uma vela. Na segunda, os remédios, água oxigenada, água
boricada, iodo, pomadas, álcool, ácido fênico (para combater a dor de
dentes), algodão, gase, esparadrapo, guaraína que combatia a dor, a
gripe, o resfriado e não atacava o coração. Na terceira a brilhantina,
a loção Dirce, Petrolina Minâncora (o tônico capilar por exelência, o
verdadeiro elixir da longa vida dos cabelos), a pasta de dentes. Na
outra, jóias e dinheiro, anéis de todos os tipos e tamanhos. Na ultima,
um pedaço de fumo de corda, a palha de milho para embrulhar o cigarro,
o cachimbo de barro e o fósforo.
Nada
podiam esquecer. Passavam dias e dias sem beber água, tomando cachaça
de ração, chupando rapadura, assando carne na ponta das facas. Muitas
vezes, devido à proximidade do inimigo, não podiam acender fogo,
temendo apontar o coito ou esconderijo, no meio do carrasco cerrado.
O
equipamento do cangaceiro ficava acima da cintura, facilitando-o nos
movimentos: andar, correr, pular obstáculos, montar a cavalo e rastejar.
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